Tuesday, November 25, 2008

Alerta à Navegação

No post anterior aflorei a questão dos info-excluídos, tendo isto provocado uma epifania na minha pessoa, que já vem reflectindo há algum tempo a esta parte acerca do futuro da sociedade em geral e do trabalho em particular. Numa época de avaliação de professores e de trabalho precário, propus-me a tentar abstrair-me das causas comummente atribuídas aos dois fenómenos e procurar saber se haverá algo mais. Perguntei-me então, porque é que há pessoas boas no que fazem, outras remediadas e outras francamente más. Será apenas fruto da educação, quer no sentido académico quer no sentido de formação social, up-bringing, ou será fruto de más avaliações de vocação, necessidades prementes sociais, que impelem pessoas para o primeiro emprego que apanham e aguentando-se por necessidade uma vida inteira ali, contrariados? O que faz, por outro lado, uma pessoa investir numa carreira, levando-se constantemente além do que lhe é pedido, tornando-se assim num excelente profissional, ser criador de regras em vez de se limitar a seguir as existentes? O gosto pelo que se faz? Sem dúvida. Se se gostar do que se faz, é-se forçosamente bom. Mas uma pergunta assolou-me o espírito... tenho colegas, excelentes tecnicamente, amantes da própria arte, de boas leituras, pesquisadores... que praticamente vivem na pobreza. Porquê? Retomemos o conceito de info-excluído e alarguemos esse conceito. Cada vez mais, em qualquer profissão, principalmente se for liberal, mas em qualquer meio, o carácter de dependência de um patrão, entidade decisora, está mais esbatido. Cada vez mais somos os responsáveis, os gestores da nossa própria carreira. A empresa uni-pessoal, mesmo quando não oficializada no papel, está cada vez mais presente e mostra-se cada vez mais necessária e incontornável. Quanto mais e melhor "conduzirmos" a nossa carreira, melhores resultados teremos. A imagem é cada vez mais importante, a maneira como nos "vendemos" (verbo muitas vezes tomado pejorativamente, de forma errónea), como nos colocamos disponiveis para os compromissos profissionais, principalmente os que não são obrigatórios, é fundamental. É pouco lusitano pedir a alguém que dê igual valor aquilo que não é obrigado a fazer, é verdade. Mas quando se torna um imperativo moderno...
O inapto gestor da sua própria vida profissional é o futuro info-excluído. E o que algumas vezes apelidamos de trabalho precário, é apenas a oportunidade à espera de ser explorada pelo próprio... Se for mal tratada, é lógico que é um beco sem saída. O síndroma do funcionalismo público, entrada às 9h00, saída às 17h00, de fazer todos os dias a mesma coisa, seguros socialmente pelos nossos merecidos direitos, também é uma amarra à nossa livre procura decisória de rumo profissional. Os próximos info-excluídos e ostracizados sociais, são os segurança-dependentes de hoje. Todos no futuro terão de saber decidir por si próprios social e profissionalmente. Comporta riscos, é certo, mas liberta linhas de pensamento e confere oportunidades. Todos teremos de aprender gestão profissional... a nova disciplina do secundário.

Wednesday, November 12, 2008

Pensar político: um Dever

Afastado que estou, há já vários anos, das lides directas políticas, recordo que me encontro cá e vivo, estando apenas adormecido. Não sedado, cego ao que se passa mas adormecido. Nem sempre é fácil entrar em batalhas constantes socialmente, para conseguir trazer alguma luz aos argumentos de parte a parte, principalmente quando é moda pertencer a uma "carneirada" que gosta de defender o fácil e o popularucho. Não quero com isto dizer que sou sempre do contra, apenas sou avesso quando tenho razão. O lado fácil muitas vezes até é o correcto mas quando o é, não é tão fácil como à primeira vez possa aparentar. Pensemos politicamente, é o mais homogéneo que posso sugerir, sabendo de antemão que não pode haver discordância possível. Pensemos politicamente, porque só assim teremos o efectivo direito de reclamar das faltas e saberemos como cumprir obrigações e exigir deveres. Não ter medo de sugerir o perigoso politicamente! Ter esperança que o interlocutor é, pelo menos, tão inteligente e coerente como nós próprios e que não se deixa levar pelas malhas do facciosismo e da hipocrisia. Aceitar argumentos com a mesma facilidade com que os proferimos e acreditar piamente que o outro lado também o faz. Em tempos de demagogia e seguidismo, é uma nova forma de heroísmo social saber ter opinião própria, fundamentada, original e corajosa. O linchamento social é a arma das novas massas telenoveleiras pouco documentadas. Não saber usar um computador hoje é ser um info-excluído... Para quando o mesmo estatuto para quem discute politica agarrado clubisticamente a uma camisola partidária independentemente de se ter os dados todos do problema? Sou azul ou branco ou verde, defendo as cores até ao fim, mesmo que em última análise, se eu detivesse toda a informação, até seria contra esta ou aquela directiva...? Finalmente: A Lei é sempre legal, mas nem sempre é legítima... só quando aquela é ambas as coisas, é que é justa...

Wednesday, June 11, 2008

Que chatos, pá!!

Tinha de ser... a esquerda de escada a baixo, trauliteiramente, lá voltou a ser mais fundamentalista que o próprio Hamas. O Sr. Presidente da República usa uma expressão maldita de há 40 ou 50 anos atrás, portanto noutro referencial socio-politico e cai o Carmo e a Trindade (expressão também criada no pós-regime imediato, mas esta não deve fazer mal utilizar).
O "dia da raça" ou "a raça" não tem a ver necessariamente com xenofobia ou racismo. Duvido muito sinceramente que o professor Cavaco Silva quisesse com esse comentário no dia 10 de Junho dizer que é anti-imigração. Nem os srs. da SOS Racismo disseram nada desta vez, portanto o sr. historiador da treta foi descadeirado, juntamente com os suspensórios e o cachimbo. Dia da raça, no contexto em que foi dito pretende, para quem não é totalmente faccioso, obviamente falar de valores socio-culturais específicos de quem está imerso na cultura portuguesa, fazendo por definição parte dela, seja gordo ou magro, amarelo ou azul, nascido cá ou cá a trabalhar. Se faz parte de uma cultura, constroi essa própria cultura. Começam a ser dolorosamente óbvios os bafientos estrebuchos da extrema-esquerda bolorenta que têm o lápis azul mais afiado do que qualquer outro. Percebo que não têm nada onde pegar desde o final do séc. XX, mas então deixem de chatear e façam algo construtivo, olhem, vejam o Euro 2008. Aí podem dar asas ao vosso espírito do contra e, sei lá, torcerem pelos Gregos. Espera lá... isso também não pode ser... porque o Euro é futebol e no futebol às vezes discute-se a posse de bola "na raça"... deve ser proibido dizer...

Wednesday, June 4, 2008

Um ensaio sobre arte

Ouvir Queen... ou ouvir Muse... Passei uma boa parte da vida a achar que era diferente dos outros, nada me aquecia ou arrefecia na música, tirando uma boa banda sonora, portanto acompanhada de imagens. Aliás, a frase batidíssima "o problema da vida é não ter banda sonora" é das que ainda mais me vai movendo pelos meus dias de inquilino nesta Terra. Descobri no entanto que apenas tenho gosto muito específico, apenas gosto do que gosto e é um erro forçar-se a gostar disto ou de aquilo só porque sim. Nem mesmo quando a miúda que curtimos gosta muito... Acabamos por encontrar maravilhas na forma de paralelismos: Gosta-se imenso de uma música, toca-nos, chama-nos, acorda-nos a alma. Não sabemos de quem é... entretanto, ouvimos outra: Tem piada, faz mesmo lembrar aquela que curti há uns tempos! Se tomarmos atenção, até pode ser dos mesmos autores... Até que acabamos a descobrir fanzines perfeitas, influências directas ou indirectas. A riqueza está no engenho e talento empregues com bom gosto SOBRE o que outros músicos já nos tinham trazido há 10, 20 ou 30 anos atrás. Juntem-lhes imagem: Não, não temos um vídeo-clip... Sejam mais profundos, seus brincalhões! Quando a partitura da música faz parte da própria manifestação da arte, quando o sub-texto da própria música se materializa em quadros em movimento... Cinema. E, realmente, a vida precisa de uma OST... e, às vezes de uma sala de edição, onde deitar para o chão os bocados cortados que não interessam.

Wednesday, May 7, 2008

Acordo ortográ...ná, espera: Acordo Pornográfico!!

Esperemos, como é a opinião da maioria das pessoas, que a chinesada do acordo ortográfico que se arrasta desde o principio do século, tendo a sua última fase vindo a pairar tipo assombração desde os primeiros anos da década de 90, morra de uma vez por todas na secretaria porque já não se pode sequer ouvir falar do disparate. Devemos ser os únicos azelhas que concordam em aproximar as diferentes variantes de uma língua que se fala em todos os continentes. Alguma vez ousaríamos sonhar que ingleses (olha quem, raça de convencidos) entrariam em compromisso com americanos e australianos para mudar a escrita de certas palavras em comum?! Seria um tremendo disparate. Então porquê aceitarmos nós empobrecer a nossa língua, estripar a literatura, roubar opções à poesia, à musicalidade da língua portuguesa? Para não falar que nem sequer vai "aproximar" ninguém. As palavras que pronunciamos de maneira diferente em português de Portugal ou do Brasil não são as mesmas, portanto ao mudarmos a sua escrita vão continuar a ser duas escritas diferentes e aí é que está a riqueza de ambas as literaturas. Não posso pensar em Jorge Amado escrito em português de Portugal, é impossível. Tal como não posso aceitar ler Eça escrito por outro português que não o queirosiano. E que vai acontecer com as palavras de raíz comum, mas que por azar uma é passível de alteração e outra não? "Acção" passa a ser "Ação"; "Actor" passa a ser "Ator". Então e a palavra "Actante"? Deixa de ser da mesma família? É ridículo. E já parámos para pensar no propósito desta chouriçada? Pois é... não é para aproximar ninguém, não é para "aproximar culturas irmãs". Pensem na pipa de massa que as editoras luso-brasileiras vão poupar em fazer, para todas as publicações, apenas uma edição... no "novo" português comum... Se fossemos minimamente orgulhosos, agora só para chatear, corrigíamos ainda com mais vontade os erros ortográficos na escola... começando por alguns que possam aparecer no próprio texto deste vosso super-herói. Borrifem-se no acordo ortográfico, trabalhemos antes para o acordo pornográfico. É uma coisa de que toda a gente gosta e que se faz exactamente da mesma maneira no mundo inteiro...

Friday, May 2, 2008

Transcendência na rua do Poço

Haverá vida depois do Bairro Alto? A minha lógica afinadamente científica diz-me que não. Quem sabe, esboça agora um sorriso e diz para si: "Mascarilha, tu tás lá. Do alto do teu porte altivo e de silhueta fenomenalmente atraente, tens total e inequivoca razão." Mas esta modéstia nada nos adianta até lá estarmos fisicamente, decobrindo por nós próprios. Quando se atravessa o Largo de Camões, local preferido para pontos de encontro, amigos, namoros (de todas as preferências), amores secretos e outros, bem como alguma ciganice de litrosas em sacos de plástico, não podemos deixar de achar irracional o elevador do parque, que sai falicamente no meio da calçada portuguesa. De seguida ao atravessar, supondo que não sofremos um atropelamento com violência e premeditação, aconselhamos o turista a fechar a carteira e abrir as narinas, já que é aí que o ácido úrico reage com o oxigénio rarefeito (devido à altitude) do ar, formando um composto ainda hoje desconhecido que tem sido um puzzle químico tremendo para as várias equipas CSI que lá se deslocaram, saindo de lá desmotivados e cabisbaixos. Porque leia-se: o bairro apenas pode ser sentido e poucas vezes compreendido. Temos que deixar reagir os aromas com a bebida sem pensar muito, sem extrapolarmos teoremas explicativos da sua essência. É um treino de sentidos: Respirar tudo, deixar reagir com os sabores, o tacto que se acotovela por um lugar à porta, e a conversa que não tem igual em ponto algum do globo (no mínimo!!) é uma generalidade que se manifesta nos micro-climas de diferenças consoante o local específico em que se encontram... há o bairro do Apolo, o do Maria Caxuxa, o do Suave ou até o do Arroz Doce. Mas em todos, todos vivemos o toque suave da noite, a sugestão do social, a ideia da convivência. E, se altas filosofias são extraídas de uma conversa à 1h00, às 5h00 recebemos um não menos precioso e francamente genuíno (leia-se ébrio) "BEENNFICAAAAA"

Sunday, January 27, 2008

Pensamento do dia: Carne: Pernil guarnecido; Peixe: Bacalhau à Batalha Reis

A verdadeira grandeza não se demonstra mediante vontade, com a explosão de um poder incomensurável, mas sim através da exposição total e hesitante das pequenas fragilidades humanas.