Sunday, November 25, 2007

Um homem de classe

Tive a descomunal honra de me juntar à pandilha de admiradores do Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Eu era daqueles que o ouvia algumas vezes, a maioria das quais para efeitos de estatística, ou seja, como barómetro de como param as modas no país, mas sem razões analíticas profundas. Ora, como dizem os ingleses it as come to pass que eu havia de (eu próprio, euzinho mesmo em carne e camada adiposa) entrevistar o Professor. O contexto era "sessão de apresentação dos áudio-livros" lançados pela editora 101 noites, no museu da electricidade. O meu papel, entrevistador para a grelha 0 de programas do próximo novo canal (quando estiver pronto e em emissão não deixem de ir lá ver e levar amigos) virtual de televisão, disponível futuramente acedendo ao site www.newbox.tv, tendo-me calhado entre outros entrevistar o próprio Marcelo. Realmente compreendo. A classe, a disponibilidade, a profundidade de análise para me responder às minhas rebuscadíssimas perguntas! E sem deixar de manter a juventude, a frescura em cada acção e em cada frase. Dá o que pensar... após ter entrevistado grandes actores como São José Lapa, Nuno Lopes, José Wallenstein, Eunice Muñoz, quem cativa mais uma pessoa nem sequer é actor... ou será...? Um grande actor do palco político...?

Tuesday, November 20, 2007

Metabolismo my ass!!

O metabolismo é uma real chatice. Acabei de engalfinhar uma posta de salmão grelhada, recheada de Omega3, com uma saladinha de tomate do mais boiola que se pode imaginar e mais um bocadinho ainda. Acompanhada ainda por uma fatia de pão de centeio, mais escuro, logo menos colesterólico. A sopinha, frugal, de feijão verde sem azeite. Duas pecitas de fruta banais, ingeridas ANTES da refeição principal para forrar o estômago. Cada garfada me fazia mais e mais desejar um informal bitoque com tudo a que tenho direito ou um mais refinado bifalhão da Portugália com o molhinho tradicional. Nem que fosse um bifito com cogumelos. Agora, porque hei-de eu ter de vigiar a minha fisionomia ao grama, pensando num reles pastel de nata que comi um domingo à tarde com a famelga num passeio em Belém e portanto sentindo-me obrigado a viver o resto da semana num inferno de brócolos e couve-flor? Eu sei o que é... não tem nada a ver com imposições sociais, que é o que nos vendem, porque eu realmente sinto-me melhor mais magrinho, com mais saúde (se conseguisse mandar o tabaco à vida definitivamente)... A questão é a porra do metabolismo que faz de uns filhos e de outros enteados, porque que os há, aqueles que comem este mundo e o outro como se não houvesse mais amanhã, não se coibindo de nada como se todos os dias fossem consoada e bebem como se fosse passagem de ano constantemente. É o metabolismo acelerado dizem eles... e que se lixem os outros de metabolismo de lesma, que comem um ferrero-rocher e passam o resto da semana a Danacol com bolachas de esferovite e Pladur. Tanta gente se queixa da retenção de líquidos: Deviam ter vergonha na cara, eu que faço retenção de sólidos e por muito que coma que nem um abade, nunca passo da sessão única dia sim dia não, em que faço como se fosse uma cabra, berlindes... gordura não é formosura, é verdade, é tortura! E chinesa!

Wednesday, November 7, 2007

O que pode ser uma "boa peça"?

Um texto de teatro ou mesmo literário, tem de ser simples ao mesmo tempo que é inteligente. Em teatro, a simplicidade é sinónima de contenção e não só dos actores. Na contenção narrativa está todo o potencial da explicação de conceitos complexos, deixada no ar em termos objectivos e simples. A forma genuína com que se podem interpretar os signos e sinais dos tempos e os transpor para uma forma concisa e concreta de linguagem dramática tem de ser dotada de simplicidade e frontalidade de objectivos de narrativa, de forma a ser assimilável, convidando-nos enquanto público a sermos permeáveis ao que nos é contado. A simplicidade leva-nos obviamente a uma livre associação ao objectivo da história, com possível identificação dependendo do grau de verosimilhança, bem como a uma forma de explicação de conceitos abstractos e profundos de forma mundana.
Boa peças em potencial entendo haver bastantes ou, devo dizer, bons textos em potencial. Muitas vezes me deparo com problemas de textos francamente inteligentes e originais, mas altamente pretensiosos quer na forma quer no conteúdo. Quando é conteúdo, pouco ou nada me parece haver a fazer, já que toda a sua significância se encontra comprometida. Na forma, a linguagem de abordagem de uma coisa que poderia ser tremendamente simples, ou até um conceito subjectivo e complexo que poderia ser, na narrativa, maravilhosamente condensado até à sua forma elementar mantendo todo o seu sumo em sub-texto se encontra, numa procura imensa de se ser claro e totalmente explícito, vazio de significado, exposto, despojado do que é verdadeiramente teatro, o seu potencial dramático. Uma boa peça, poderá começar por ser literatura, mas nunca acabar como tal. Tem de haver espaço a interpretação dramatúrgica, a uma linguagem objectiva para entendimento, mas vaga o suficiente para oferecer mais perguntas do que apenas uma imutável e absoluta resposta.

Direito de Réplica

A pedido de várias famílias, venho exercer o meu direito de réplica sem qualquer tipo de discordância. Discordância de conteúdo sim, mas concordância em discordar (maneira pomposa de dizer que adoro uma boa discussão): A respeito do filme "Elizabeth II, a sequela - bigger, better and even more red-haired", nunca disse que tinha gostado do resultado final. Ao falar em épico discreto, quis com isso dizer que não aquece nem arrefece, o que por vezes consegue ser melhor do que o fogo de artifício com que nos atiram para as trombas frequentemente. Discordo completamente que a Kate "olhem-para-mim-que-estou-tão-ruiva" Blanchett esteja no seu melhor, ou até mesmo a meio-gás. Ela joga precisamente com o facto de ser um épico, fez uma má leitura do que iria sair dali, ou seja, poucos clímaxes, pouco estrondo, pouco arrebatador (não que eu desejasse isso). Ela comportou-se como se os efeitos fx fizessem o resto e "eu basta fazer olhinhos que a coisa dá-se". A coisa não se deu. Saiu tudo frouxo e ela a contar com que a bilheteira trabalhasse por ela. Concordo que a realização andava a apanhar bonés. Mas o que é facto é que o argumentista, depois da morte da Mary Stuart (Maria Estuarda, como o espanhol ou lá o que eles inventaram como espanhol, frisou e o sr. das legendas concordou ainda por cima) também pouco mais sabia o que escrever. A história era pouca, a Elizabeth confiou na montagem para brilhar com pouco, enfim: Comida de plástico em forma de bobine. Agora: o que eu disse é que no meio deste pãozinho sem sal de factos históricos dados a medo como quem está à rasca com a possibilidade de se enganar e ter meio mundo de historiadores europeus a cair-lhe em cima, a Ms Samantha Morton igualou-se a ela própria ao, mais uma vez, superar-se. Nota final: O senhor do Notting Hill, sinceramente, devia continuar a fazer festas de anos vestido de Spike...
Nota final (agora é que é): Que raio de personagem afectada inventaram eles como Filipe II de Espanha (que viria a ser Filipe I de Portugal, portanto nem gosto especialmente dele) e porque é que todos os castelhanos quando falavam pareciam que estavam no Teatro Nacional no final dos anos 70?

Saturday, November 3, 2007

Ms. Samantha Morton

Falando do mais recente "Elizabeth- a idade de ouro", é mais um épico discreto de Hollywood, sereno, com poucas pretensões e, felizmente, sem os chavões tradicionais, mas que vale aqui o meu destaque pelo pequeno papel da actriz britânica Samantha Morton (Mary Stuart, Rainha da Escócia), umas das melhores jovens actrizes da actualidade na humilde opinião deste vosso super-herói. Já a tínhamos visto noutros trabalhos (infelizmente ainda não em palco por falta de oportunidade minha de voar até lá e dela de vir cá ao nosso teatro) como "Minority Report" e um filme genial de Woody Allen, cujo nome agora me escapa (por falta de pachorra para fazer uma pequena pesquisa), um pseudo-documentário sobre um ficcional músico de jazz em que Ms. Morton faz uma rapariga muda cujo silêncio reduz ao mesmo todas as outras personagens. Com pena minha pela carreira dela, também a vi num video-clip dos U2 há uns anos atrás. Continua a ser uma revelação, apesar de já andar nestas lides há um tempo e é refrescante ver alguém com tanto orgulho no seu trabalho, sem se deixar cair na mecanização que caracteriza tanta promessa do show-biz de hoje. Ela tem o dom de se refrescar e mudar de registo sem perder o toque de quem faz aquilo que faz sempre com o fascínio de uma primeira vez. Durante os primeiros momentos do filme, tendemos a esquecer Kate Blanchet, Geoffrey Rush e o próprio filme que, em si, vale o que vale.

Thursday, November 1, 2007

tertulia cor-de-burro quando foge

Se há coisa que me irrita solenemente, são as pessoas que ganham a vida ou têm projecção. Mentira. Seria uma declaração bombástica, revolucionária, ousada e diria mesmo, estúpida como as casas. Mas a frase não estava completa, como se segue é que é: Se há coisa que me irrita solenemente, são as pessoas que ganham a vida ou têm projecção sem terem feito rigorosamente nada para o merecerem. Falo das Paris Hiltons desta vida. Ou, mais perto de casa e da nossa realidadezinha medíocre, os Cláudios Ramos. Essa espécie infelizmente reproduz-se (o que devia ser contra a lei) embora assexuadamente. Reproduz-se pelo fascínio generalizado de se saber que afinal é possível qualquer atrasado mental (com as devidas desculpas a quem de facto sofre de atrasos mentais neste país sem culpa nenhuma) ter tempo de antena para dizer as maiores barbaridades que não interessam a ninguém. Que se analise um livro, ou um quadro, um filme ou uma peça de teatro, um facto socio-político, ainda entendo. Que se analise um jogo de futebol, vá lá, é embrutecedor, mas ainda aceito. Agora que se analise extensivamente em prime-time, da boca de autênticos abortos (com muito mais de 10 semanas) a cor das cuecas da Serenela Andrade quando ela se esparramou na escadaria da gala da TVI, ou o divórcio da Soraia Chaves que estava farta de se deitar com o anónimo namorado e prefere muito mais enroscar-se com um jogador da bola com penteado à Zé Milho, isso começa a ser demais. E vão aos requintes de se apoiar em teorias formuladas por pseudo-cérebros que não sabem se teoria ainda se escreve só com um "t". Não sendo um pseudo-intelectual eu próprio, nem sequer um intelectual apenas, eu pergunto: Não haverá merda melhor, do que gastar cameras de video, cassettes e ondas hertzianas (ondas de TV e rádio, prós abortos) em gajos sentados à volta da Fátima Lopes, a comentar factos inúteis, que saem em revistas que só por si já são inúteis e deviam ser impressas em papel um pouco mais absorvente e de folha dupla?? Eu digo à boca-cheia: Encostem à parede os cinco magníficos: Cláudio Ramos, Daniel Nascimento que por acaso está gordo que nem um porco (toma lá uma análise a ver se gostas), Carlos Castro (ele que, traveca de revista dos anos 70, frustrado, gosta de falar mal de actores sem saber sequer o que está a dizer) o Castelo Branco e o felizmente desaparecido da televisão Serginho (antigo repositor de prateleiras do Jumbo, profissão que muito estimo). A este rol estou muito perto de juntar o chato do Eiró só por ser melga e ter a mania que tem graça. Lembro-me de há uns tempos o Cláudio Ramos ter declarado a um pasquim desses que "se não voltar a fazer televisão mato-me"... E com uma oportunidade destas em potência, o que é que os imbecis foram fazer? Puseram-no outra vez a trabalhar. Era só estar quietinho, o outro tinha prometido e uma promessa é uma promessa...